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domingo, 2 de setembro de 2012

Asas




Avultava-se em seu sonho infantil, juvenil, adolescente  

de refletir-se em energia brilhante, positiva, envolvente;

ser como as cintilantes luzes da sua mais cara admiração,

num ímpeto agudo de valer a vida desde seu coração.

 

E o seu amor resolveria os problemas do mundo;

a fervorosa chama do ódio, da  vingança e da maldade

iria destarte debelar por este todo bem de si oriundo

e percorria no sentido de se fazer assim realidade.

 

Mas não se deu a  corresponder às expectativas estabelecidas no rigor

d’uma sociedade  a lhe tender n’outras suas intenções primordiais.

E desta batida de frente, nesse choque em desacordo, no mais,

foi arremessado a esmo nos domínios de um tempo em furor

 

que lhe vieram a fazer-se possesso... Noites do negror apavorante...

E os  sóis  destes dias lhe vinham  a cegar-lhe por quão abrasantes;

e o mundo sobejava-lhe malfazejo nas tramas dos seus ardis

a lhe afligir continuamente de maneiras tantas tão mais vis;

 

e depois o largou na beira do abismo nesta incontida aflição

para que nesta aperreação se decidisse talvez a seu fim se lançar;

no que então se decidiu, resoluto e converso numa abnegação...

Mas foi assim que  se  distinguiria em asas providenciais  a voar

 

como ave nos mais elevados  céus do seu desejo radicado...

E circunda no ar da Terra, e plana sobre os sete mares

e adeja sobre matas,  cidades as fervilhantes e lugares

sobre tão extensos desertos , e lagos os mais largueados;

 

e move-se em extensos círculos;  e ora também arremete;

supremo no firmamento, com asas que o sol não derrete;

e a toda atmosfera abrange em prodigiosa placidez e singeleza

pelos seus cantos de vital beleza a se compor na natureza.

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