D’onde e quando da desdenhosa recusa do mundo,
em suas promessas de ventura em tapetes voadores,
sem brilho próprio que se reverta ; saber sem vivência;
teorias baseadas em histórias má compreendidas,
má contadas, remetentes a deturpadas conclusões sob interpretações
pesadas através de fleumas , humores e idiossincrasias
- que até dá pra seguir uma cabeça seu mundo;
deixar-se teleguiar o coração por outros corações;
sabendo a grosso modo o que se sabe, ainda que dubitavelmente,
mas além há um clima de ritual secreto, misterioso,
que faz mesmo um cabra cabreiro , ressabiado, espantado,
tinha mais além algo de ser tudo passando ao largo de uma
luz,
e que se insistia em fazer-se presentemente abrangente...
Ou algo se exige nisso uma inteligência altamente excelsa...
E quando se deixa assim por bem por mal a nau lançadeira,
como a fazer a todos do arremesso abarbatados,
abestalhados,
que se veem o mundo na iminência de ser pirateado,
vão pra detrás do mundo , onde se libera um afoito vento,
que vai ser impetuosamente direcionado para aquele
barquinho
que ousa se desprender ao mar...E não tem como não
afundar...
O vento o nada que é se atira mercenário, folgazão,
cafajeste;
como triste invento com seu som aporrinhante de
atormentar,
se aparece gaiato de malicia ferina, sua música sem
canção,
se lança infértil e barulhento, invasivo investido de vento,
com a caradura e bandidagem no seu mistério do absurdo;
e faz se balançar
em bandeiras na rota de real loucura;
vazio do sentimento, aterroriza sonhos; azucrina em
baratino;
vento quente invade pelos ouvidos e torra o juízo a grilar...
Ladino e até mesmo viperino, de causar revoada atropelada;
e embaralha destinos; vento sacana , vento cretino;
grosseiro, animal jumento das tramas infernais...
Invade a clara noite como gralhando como ave agourenta...
Mas nem pode pensar a se achar mais do que é: vento
fresco;
que nunca será furação ! Nunca será revolução!
Vento que se refletindo no espelho se transpareceu
uma menina safadinha e descaradinha, assim se insinuando
a outros tantos nas distrações e guerras dos jogos das
mentes,
pelo que faz a tantos em real e lamentoso sofrimento pelo
viver...
Mas não adianta muito ter raiva desse vento filho da mãe.
A conjuntura astral hoje se configura pra mim aquela consciência:
que o vento é natureza ; que natureza é divina;
que o vento é assim
porque o fez assim Deus;
que injuriar o vento é como reclamar contra a vida -
e que é tão cheio de vida o vento na contingência do seu
ser...
É como reclamar contra o sol, contra a chuva, contra o
mormaço...
O vento tem suas positividades: espalha as sementes,
ajudando na semeadura da pródiga natureza;
faz alegria de crianças girando cataventos, levantando
pipas...
e mesmo se não for nada de Deus, se nem Deus nem nada,
o vento tem direito de fazer o que quiser , sendo o que
é;
e deve ser amado como o que é também: vento...
De qualquer forma não adianta ter muita raiva desse vento
maldito;
esse vento que não dá sossego nem que lhe devolva um
sopro, um som...
O vento pode jogar lá longe no fosso profundo;
fazer voar azoado se batendo pelos galhos de matagais;
fazer naufragar no mais abissal fundo do mar
mas é o vento , das entranhas do tempo.
Então o certo é ficar em paz com o vento,
aceitando-o no coração quão mais magoado...
Que também se pode caber na esfera daquela luz em
abrangência;
que torna a tudo bem mais grandioso do que o vento e qualquer
;
e que se faz soberana total, e desde os mais remotos
confins,
onde um vento em fúria pode alguém arremessar em paixão...
E sopra sempre o vento desde o horizonte do nada o que é
que não mais haverá ódio, nem mais aquele vingativo
desejo,
pois há um tão longe que o vento pode jogar, até mesmo à mercê daquela luz
abrangente,
à qual jamais se poderia chegar em qualquer que fosse o
tapete ou a nave.
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